sábado, 13 de novembro de 2010

eixo 7

Finalizando as postagens, faço uma reflexão sobre os que um dia foram excluídos da escola. Gostaria de manifestar minha empatia com a disciplina de EJA e meu desejo de lecionar nesta modalidade, a fim de ajudar a resgatar a cidadania, através da escolarização, de quem um dia, por algum motivo, foi excluído da escola.
A lei brasileira determina que a educação é um direito de todos e dever do Estado. No entanto, sabemos que as diferenças sociais são enormes em nosso país. Sabemos também que o sistema educacional brasileiro contribuiu muito para que essa injustiça social se instalasse. Enquanto uma parcela mínima da população tem acesso a escolas particulares, que investem bastante na qualidade da educação oferecida, houve um sucateamento da educação pública, oferecida à maior parte da população brasileira. Esse empobrecimento da escola pública contribuiu para a exclusão social.
Atualmente, políticas públicas de educação tentam, ainda timidamente, resgatar a qualidade da educação oferecida, através do investimento na formação de novos professores, preparando-os para rever a prática pedagógica vigente, por exemplo.
Mas infelizmente todo o processo histórico da educação elitista instalada até agora acabou por excluir muitos cidadãos da escola. São estes os cidadãos que agora procuram novamente a escola, através da Educação de Jovens e Adultos. São aquelas pessoas que viviam na zona rural, onde nem havia escolas ou, quando havia, localizavam-se distantes demais, dificultando o acesso. São também cidadãos urbanos pertencentes à camada pobre da população, que por vários motivos um dia tiveram que interromper seus estudos. São ainda os excluídos da escola regular, através de suas muitas repetências, devidos às suas dificuldades em se adaptar ao método de ensino-aprendizagem oferecido. Enfim, são estes os cidadãos que hoje procuram recuperar sua formação, através da EJA. E assim o fazem porque sentiram a necessidade de dominar a leitura e escrita para se inserirem na sociedade e no mercado de trabalho. Sociedade e mercado de trabalho que cada vez mais exigem o conhecimento letrado a até o domínio das múltiplas tecnologias existentes. Para isso, sabem que é preciso fazer uso social da leitura e escrita, isto é, letrar-se. E é a escola que promove o letramento, gerando as mudanças desejadas. Mas para que o aluno da EJA e também da escola regular persista em sua formação, é necessário que a escola valorize o conhecimento que ele já tem e a vivência que traz consigo. É o aluno que deve ser o centro do processo educacional.

sábado, 30 de outubro de 2010

eixo 6

Aqui me ocorre uma contribuição da disciplina de Filosofia, através de um texto de Kant: “... não se deve educar as crianças segundo o presente estado da espécie humana, mas segundo um estado melhor, possível no futuro, isto é, segundo a idéia de humanidade e da sua inteira destinação.”Fica o aprendizado, para mim, de que cabe a nós, professores, a formação moral de nossos alunos, para que haja uma evolução para melhor, mais justa e humana no convívio social.
Também considero muito importante o estudo da significação da violência na escola, disponibilizado pela disciplina de Psicologia II, pois a preocupação com a violência na escola tem sido uma constante. Quando nós, adultos, resolvemos observar, por exemplo, a hora do recreio, ficamos impressionados e preocupados com a maneira violenta como os alunos se tratam. Na tentativa de reverter esse quadro, os professores e a escola procuram desenvolver projetos que resgatam valores morais. No entanto, a eficácia desses projetos é curta. Dura apenas o tempo do projeto.
Lendo o texto de Jaqueline Picetti baseado em Piaget, vejo que crianças de 7 a 10 anos estão construindo as noções de justiça, solidariedade, intencionalidade e responsabilidade. E nós, professores, podemos auxiliar as crianças a refletirem sobre essas situações.
De acordo com Piaget, até os 10 anos os atos são avaliados segundo seus resultados, independente das intenções. E para Piaget (1994) “...o adulto deve ser um colaborador e não um mestre, do duplo ponto de vista moral e racional (...)
Nesse contexto, é bom que nós educadores respeitemos o processo de desenvolvimento moral de nossos alunos, compreendendo que o que nos parece violento pode ser apenas uma característica de determinada fase de construção da autonomia da criança.
Portanto, o que nos parece como violência na escola pode ser apenas crianças querendo fazer justiça sob sua forma de compreendê-la.

domingo, 17 de outubro de 2010

eixo 5

A interdisciplina de Organização e Gestão da Educação favoreceu a aquisição de muitos novos conhecimentos, neste quinto semestre. Cito como exemplo a atividade sobre as diretrizes curriculares.
Durante muito tempo fui uma das “muitas professoras que tomam os PCNs pelas DCN considerando-os mandatários quando não o são.” Fiquei surpresa ao tomar conhecimento deste meu equívoco. Apesar de já ter participado de algumas formações continuadas, estava bem desinformada quanto às diretrizes curriculares.
Ainda durante a leitura e estudo de material disponibilizado pela interdisciplina, tomei conhecimento que o simples anúncio das diretrizes curriculares nos documentos da escola não é garantia para um atendimento contextualizado com o público atendido pela escola. É necessário que os professores apropriem-se dessas diretrizes e as ponham em prática, para que aconteça a aprendizagem dos alunos.Foi isso que fizemos em minha escola, numa das tantas reuniões pedagógicas: os professores em conjunto, de acordo com as séries que atuam, decidiram e definiram, através de debate e troca de idéias, a grade curricular correspondente a cada série. Ou seja: definimos claramente o quê os alunos devem aprender em cada série. E esta definição passou a fazer parte do regimento escolar.
Foram muito úteis os Projetos de Aprendizagem desenvolvidos durante o semestre, pelas interdisciplinas de Psicologia e Seminário Integrador. Principalmente porque foram desenvolvidos em grupo.
A princípio, houve uma certa resistência ao trabalho em grupo. Mas depois de iniciado o projeto, o trabalho em grupo comprovou ser uma forma mais prazerosa de aprendizagem, pois há a troca , a colaboração, a interação. Até então, como professora procurava evitar o trabalho em grupo com os alunos. A partir deste meu aprendizado com os PAs, arrisquei o trabalho em grupo com meus alunos de 5ª série, nas aulas de Língua Portuguesa. E o resultado foram belíssimos poemas feitos – que alegria – em grupos.
Minha resistência inicial ao trabalho em grupo, como aluna, baseava-se no fato de não conhecer pessoalmente a maioria das colegas do grupo e que isso pudesse dificultar a interação. Mas o grupo funcionou bem à distância, e as colegas revelaram-se agradáveis pessoas.
Como docente, a dificuldade para o trabalho em grupo era a “bagunça” na sala de aula. Na minha escola, os trabalhos em grupo devem ser realizados em aula, já que os alunos não têm condições de encontrarem-se fora do ambiente escolar. E coordenar vários grupos, ao mesmo tempo, em dois períodos de aula, é uma tarefa exaustiva! Mas arrisquei.
Agora entendo John Dewey quando diz que o conhecimento é construído de consensos, que por sua vez resultam de discussões coletivas. “O aprendizado se dá quando compartilhamos experiências e isso só é possível num ambiente democrático, onde não haja barreiras no intercâmbio de idéias.”
Com a prática do trabalho em grupo com meus alunos, na produção de poemas, percebi que o sucesso deste processo deu-se em função de que havia um grupo de pessoas se comunicando e trocando idéias, experiências pessoais e sentimentos.
E este trabalho coletivo, mas também individual, acabou resultando no livro “Poemas e sentimentos”, lançado na feira multicultural da escola.
O aprendizado se deu em grupo. E a prática conjunta, através dos PAs do semestre, promoveu situações de cooperação entre colegas, mesmo à distância.
A pesquisa feita sobre a síndrome do ninho vazio, na interdisciplina de Psicologia, veio ao encontro do momento vivido por mim. Estou passando por isso e ler sobre o assunto ajudou a diminuir a ansiedade, sabendo que é uma fase comum, típica, da idade adulta. Foi importante tomar conhecimento do que posso fazer para que ela passe mais rápido.Igualmente, a interdisciplina de Psicologia fez amenizar os desafios na relação professor- aluno, através do estudo do quadro de fases, nos fazendo conhecer ou relembrar as várias etapas do desenvolvimento humano.
Lendo o texto da professora Maria Beatriz Gomes da Silva, sobre currículo e avaliação, disponibilizado pela interdisciplina de Organização do Ensino Fundamental, vejo que minha escola está no caminho certo para uma escola que atua com coerência entre o dizer e o fazer, que sabe escutar e que busca o diálogo, a autonomia e a ética, pois nosso sistema de avaliação baseia-se principalmente no caderno de acompanhamento do aluno, onde registramos diariamente o que observamos em cada um dos alunos.
Nesta tarefa de avaliar, usamos ainda as provas escritas e as produções textuais.
No entanto, como nosso regime é seriado, “fica estabelecido que determinados conteúdos devam ser aprendidos, indistintamente, por todos os alunos num tempo determinado.”
Através deste estudo, percebo que precisamos ainda levar mais em conta “as variações evolutivas dos alunos, suas histórias pessoais-familiares, suas experiências, seus ritmos, sempre procurando compreender a atender cada um em suas diferenças.”
E se desejamos realmente uma sociedade democrática, é necessário respeitar os percursos individuais, através do trabalho coletivo.
Penso que talvez seja bom colocarmos em discussão entre os educadores da escola o sistema de regime seriado. ( E quanta discussão!)
Nossa educação, nossa formação para a docência, até agora, pouco nos ensinou sobre a avaliação. É um assunto evitado, geralmente.
Conhecemos bem a avaliação somativa, mas ainda estamos na recente prática da avaliação formativa. Para exercê-la, deixamos de simplesmente atribuir uma nota no boletim escolar do aluno e passamos a usar também o parecer descritivo, onde descrevemos os avanços e as dificuldades que o aluno demonstrou.
Inclusive, no 1º ano e em parte do 2º ano do ensino fundamental de 9 anos, a avaliação é apenas descritiva, sem atribuição de notas. E isso implica numa mudança: já não apenas o ensinar. A ênfase começa a ser dada para o aprender.
Para que o aprendizado ocorra, a tarefa de ensinar não cabe apenas ao professor. Cabe também ao currículo da escola, à sua gestão, à organização das salas de aula, aos pais e, é claro, ao próprio jeito de avaliar.
A avaliação formativa precisa levar em conta, ainda, que os alunos possuem ritmos e processos de aprendizagens diferentes. Precisamos de fato considerar o que já prevê a lei: os aspectos qualitativos devem prevalecer sobre os quantitativos.
Se desejamos mesmo uma sociedade pautada pela cooperação, pela inclusão, onde todos tenham o direito de aprender, precisamos discutir e pôr em prática novas formas de avaliação.
É preciso que o professor conheça bem seu aluno, sua realidade. Por isso, temos a prática, em minha escola, de fazermos um passeio pelo bairro, com toda a turma, com o objetivo de conhecermos a casa de cada um. Isso tem ajudado a compreender a realidade dos nossos alunos e também o quanto a nossa, às vezes, está distante da deles.Também adotamos na escola, desde o início do ano, a recuperação preventiva. Ou seja: dedicamos aulas de reforço, em pequenos grupos, aos alunos que necessitam de uma dedicação mais individual. Assim, podemos avaliar com mais segurança.

terça-feira, 12 de outubro de 2010

eixo 4

Sem dúvida, durante este semestre o que mais me chamou a atenção e também o que mais contribuiu para o meu aprendizado foi a integração entre as diferentes disciplinas. Tanto que ao fazer tags para postagens no blog, muitas vezes ficava em dúvida qual era a referida disciplina.
Cito como exemplo uma atividade de matemática, sobre a resolução e formulação de problemas, que pode ser feita a partir de uma gravura ou uma tirinha de humor. Jamais havia imaginado usar este tipo de material numa aula de matemática. Até então, só a havia imaginado numa aula de português.
Neste aprendizado sobre espaço e tempo, também considero importante o destaque para considerarmos o que o nosso aluno já sabe sobre determinado assunto, ou quais os conhecimentos prévios que ele já tem sobre o conteúdo a ser desenvolvido. Assim, a atividade de representar através de desenhos palavras dadas na disciplina de ciências veio mostrar que já temos nossas concepções ao estudar determinado assunto. Ver como os alunos representaram de diferentes formas a palavra “saudade”, por exemplo, veio confirmar a necessidade de sabermos sobre esse conhecimento prévio que o aluno tem sobre determinado assunto.
Da mesma forma isso ficou comprovado na disciplina de estudos sociais, com as leituras feitas sobre o planejamento. Planejamento este que não precisa prever todas as atividades a serem desenvolvidas, deixando espaço para a criticidade dos alunos e para as curiosidades que irão surgindo no desenvolvimento do conteúdo. Ficou claro em ambas as disciplinas que é importante considerar o que o aluno já sabe sobre determinado assunto, ou o que ele pensa sobre isso.
Outra integração entre as disciplinas foi a atividade com mapas oportunizada – vejam só – na disciplina de matemática. Mapa não era assunto da geografia?
E os números, tantos, que fazem parte da nossa vida? Assunto de matemática, de história, de geografia. Linha do tempo...etc.
Uma atividade de matemática, sobre espaço e forma, necessitava responder sobre a maneira como os alunos vêem o mundo. Poderia e é também uma atividade de geografia.Enfim, todas as disciplinas estavam interligadas, evidenciando assim que meu aprendizado maior foi nessa questão: a interdisciplinaridade

domingo, 26 de setembro de 2010

eixo 3

Para mostrar o que aprendi no semestre e apliquei em sala de aula, vou escolher apenas uma situação concreta.
Trata-se de uma atividade da disciplina de Literatura, sobre a contação de histórias. Sempre gostei muito de contar alguma "história", algum fato, geralmente acontecido comigo, durante minhas aulas. Os alunos gostam muito disso e penso que esse é um dos fatores que me faz ter bastante empatia com eles, evitando situações de indisciplina em sala de aula.
No entanto, quando contava esses "causos", o fazia de maneira discreta e sem muita ênfase nem certeza se deveria fazê-lo. Depois de tomar conhecimento das regras da contação de histórias, passei a contar minhas histórias com toda a segurança e emoção.
Em uma de nossas aulas presenciais tivemos que contar uma história, em grupo. Contamos "A verdadeira história do Lobo Mau". Foi emocionante, engraçado e prazeroso. No dia seguinte, contei aos alunos sobre a minha aula e resolvi contar a história para eles também. E o sucesso se repetiu. Foi aí que eles sugeriram que eu fizesse com eles a mesma atividade. Não teve dúvida: os dividi em grupos e pedi que cada grupo escolhesse uma história para contar. Formaram-se 14 grupos, pois tenho duas turmas. Para que a atividade ficasse ainda mais interessante, convidamos duas turmas de 1º ano para assistir a contação. Dos 14 grupos, a metade já se apresentou e os demais o farão na próxima semana. Quase todos foram muito bons. Alguns, excelentes. Até mesmo alunos tímidos, que eu pensava que não iriam fazer, o fizeram com prazer. E a platéia era grande! Os próximos grupos estão ansiosos por se apresentar. Quando retornamos para a sala de aula, fizeram uma auto-avaliação que igualmente me surpreendeu, pois souberam identificar muito bem o que estava bom e o que deveria ser melhorado.Para o próximo ano letivo, certamente a contação de histórias fará parte do conteúdo de Língua Portuguesa, nas 5ªs séries.     

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

eixo 2

Durante o 2º semestre, destaco, entre os diversos novos conhecimentos proporcionados pelo curso, a leitura do material sobre a Escola da Ponte. A partir deste novo conhecimento, propus algumas modificações na escola, como a implantação das salas de aula temáticas, ou seja, uma sala para a área da linguagem e estudos sociais, outra para a área das ciências exatas, especialmente para os alunos de 4º e 5ºs anos. A mudança, no entanto, não foi implantada. Quem sabe futuramente... Tive a oportunidade, um tempo depois, de conhecer pessoalmente o professor José Pacheco, numa palestra que tive a oprtunidade de assistir aqui em Novo Hamburgo.

domingo, 12 de setembro de 2010

Chegando a hora de concluir

Estamos nos aproximando do final do curso, em fase de construção do TCC. Hora de muitas reflexões.
Refletindo sobre os quatro anos que se passaram, inicio com as lembranças e aprendizado ao final do 1º semestre. Destaco, entre os vários aprendizados, a minha descoberta e o meu encanto com as TICs. Foram as mais difíceis e desafiadoras para mim, que muito pouco conhecimento tinha a respeito da interação com o virtual. A disciplina proporcionou uma grande mudança pessoal no meu modo de interagir com as pessoas e trouxe reflexos no meu trabalho docente.
Com as demais disciplinas, aprendi a ser mais cuidadosa e mais responsável em relação ao meu trabalho. Através do exemplo dos professores que tive naquele semestre, passei a socializar meu conhecimento com quem assim desejasse, coisa que até então não costumava fazer. Passei a aprender, voltando a ser uma estudante, junto com meus alunos. Assim, tive condições de fazer uma empatia com eles e sentir o que sentem, tornando o aprendizado mais leve e prazeroso.
Enfim, lembro que ao final de 2006 eu já não era mais a mesma pessoa, pois o aprimoramento e o conhecimento trouxeram grandes e importantes mudanças. Para melhor.