domingo, 18 de outubro de 2009

Pequena experiência com a garotada surda

Perto da minha escola, existe uma escola especialmente para alunos surdos. Por incrível que pareça, pouquíssimas pessoas da comunidade conhecem esta escola.
Houve um tempo em que eu ia ao trabalho usando o ônibus. E foi no ônibus que comecei a ter contato com a garotada surda, que se dirigia a esta escola especial no mesmo horário. Percebi, com o tempo, que o motorista e o cobrador do ônibus já conseguiam interagir com os adolescentes, especialmente às segundas-feiras, depois de um domingo com jogos da dupla grenal. Ficavam "gozando" uns dos outros, colorados ou gremistas. E eu achava aquela interação muito bonita.
Certa vez, desenvolvendo o conteúdo dos cinco sentidos com meus alunos, os levei para conhecer esta escola. Eu também não conhecia de perto. Fomos a pé, em 10 minutos, tão pertinho ela fica.
Fomos muito bem recebidos e a visita foi inesquecível. A escola é bonita, bem aparelhada. Conhecemos todas as salas de aula, desde os bem pequenos até os adolescentes. São poucos alunos em cada sala. No máximo dez. Salas bonitas, cheias de material visual, mas sem estarem poluídas visualmente. Os alunos fazem cada série em dois anos, pois o processo de aprendizado é mais lento em função da falta de audição.
Quando dá o sinal sonoro de fim de período ou início de recreio, várias lâmpadas espalhadas por toda a escola ficam piscando. Fizemos o lanche com eles, brincamos juntos no recreio. Foi muito bom.
Agora, nesta semana, teremos em minha escola a mostra cultural. Várias atividades irão acontecer. E uma delas será um espetáculo de dança apresentado, adivinhem por quem? Por alunos surdos desta escola especial! Sim, eles irão dançar!
Meus alunos e eu estamos ansiosos pra ver. Depois eu conto como foi.

domingo, 4 de outubro de 2009

O desafio da alfabetização de adultos

Depois de ler o texto "Alfabetização de Adultos: ainda um desafio", de Regina Hara, fica evidenciada que a leitura do mundo é diferente da leitura da palavra. E é por isso que adultos não-alfabetizados conseguem interagir na sociedade, trabalhando, pegando ônibus, indo ao banco, criando seus filhos, etc. Sabem ler o mundo e por que não a palavra?
É preciso que o educador parta daquilo que os educandos já sabem, sejam eles adultos ou crianças. Mas especialmente em relação aos adultos, é preciso também que os professores realmente admitam sua ignorância em relação aos conceitos que adultos não-alfabetizados já sabem, para então partir daí no seu processo de alfabetização.
Para o sucesso dessa alfabetização, é necessário preparar os professores para isso, proporcionar um bom ambiente de aprendizado (adultos vêm cansados para a escola) e especialmente dar segurança física ao corpo docente e discente, já que escolas que oferecem EJA normalmente estão nas periferias muitas vezes desassistidas.
Pessoalmente, penso que deve ser um imenso prazer tornar um adulto não-alfabetizado capaz de deixar um bilhete para o filho ou conseguir ler um recadinho de carinho enviado por colega de aula!!

Letramento

Penso que para sanar este tipo de dificuldade presente em nossas escolas, várias seriam as sugestões. Uma delas seria que o professor tivesse mais autonomia para sair fora dos padrões seguidos pela escola, e que também contasse com uma boa parceria com a coordenação pedagógica, para que suas práticas pudessem estar embasadas e com referenciais teóricos. E sequer conta-se com cordenação pedagógica na totalidade das e scolas!