sábado, 27 de junho de 2009

A educação após Auschwitz

"Se os homens não fossem profundamente indiferentes ao que acontece com todos os demais, exceto aos quais encontram-se ligados por interesse, então Auschwitz não teria sido possível", na visão do filósofo Adorno. Para ele, a estrutura da sociedade reside na busca do interesse próprio de cada um contra os interesses dos demais.
Todas as pessoas sentem-se mal-amadas, simplesmente porque não sabem amar.
Para evitar a repetição da barbárie, o autor diz que a solução está no esclarecimento do que aconteceu, na educação das crianças em especial, e na adesão ao amor. Ajudar na conscientização da frieza em si e apurar os motivos que a levaram, para elimina-la. Mas sobretudo ele sugere que seja dedicada especial atenção à educação das crianças, especialmente na 1ª infância, tratando-as com amor e dedicação.
Creio que o autor está correto em afirmar que é necessário dedicar especial atenção às crianças, educando-as com amor, pois é sabido que nossos traumas, os medos que muitas vezes não encaramos, instalaram-se em nosso inconsciente em uma das etapas de nossa infância. Concordo que é preciso esclarecer às pessoas em relação ao holocausto e até mesmo mostrar-lhes que essa barbárie é bem passível de acontecer novamente, devido à falta de esclarecimento, principalmente.( Inclusive, existe um filme que se não me engano chama-se A Terceira Onda, que mostra o quão fácil seria de convencer as pessoas a deixarem-se levar por esta barbárie novamente.)Já em relação à adesão ao amor, também fico, como ele, perguntando como isso seria possível, uma vez já instalada a frieza e o individualismo característicos do nosso tempo. Alguém poderia dizer que isso só seria possível após uma grande perda em massa, alguma grande catástrofe mundial, fato que poderia levar o homem a valorizar simplesmente as relações humanas, ou seja, o amor. Outro poderia dizer que é apenas utopia.
Para mim, foi uma agradável surpresa conhecer Adorno e sua dedicação à educação. Igualmente também surpreendeu sua preocupação em dar ênfase na educação das crianças na 1ª infância, pois muitas vezes não é dada a devida importância à educação pré-escolar.
Outro dia, ao observar meus alunos na fila, vi que alguns meninos estavam se chutando. Logo pensei em me colocar entre eles, a fim de parar com aquela agressão. Mas então percebi que eles estavam gostando, rindo até. Ou seja, não era uma agressão, era uma brincadeira. Uma maneira agressiva de brincar, de acordo com a minha ótica mas não com a deles.
Agora, lendo o texto de Jaqueline Picetti, "Significação de violência na escola: equívocos da compreensão dos processos de desenvolvimento moral na criança", baseado em Piaget, vejo que crianças de 7 a 10 anos estão construindo as noções de justiça, solidariedade, intencionalidade e responsabilidade. E nós, professores, podemos auxiliar as crianças a refletirem sobre essas situações.
De acordo com Piaget, até os 10 anos os atos são avaliados segundo seus resultados, independente das intenções.
Sendo assim, o que por mim foi observado e julgado como agressivo, para eles, meninos de 9 anos de idade, era apenas uma forma de brincar. E para Piaget (1994) “...o adulto deve ser um colaborador e não um mestre, do duplo ponto de vista moral e racional (...). Nesse contexto, é bom que nós educadores respeitemos o processo de desenvolvimento moral de nossos alunos, compreendendo que o que nos parece violento pode ser apenas uma característica de determinada fase de construção da autonomia da criança.

eixo VI

Superando a dificuldade de incorporar, como estudante, o hábito de fazer os registros regulares de minhas conquistas e superações em meu processo de aprendizagem, inicio agora este registro do eixo VI do curso.