domingo, 17 de outubro de 2010

eixo 5

A interdisciplina de Organização e Gestão da Educação favoreceu a aquisição de muitos novos conhecimentos, neste quinto semestre. Cito como exemplo a atividade sobre as diretrizes curriculares.
Durante muito tempo fui uma das “muitas professoras que tomam os PCNs pelas DCN considerando-os mandatários quando não o são.” Fiquei surpresa ao tomar conhecimento deste meu equívoco. Apesar de já ter participado de algumas formações continuadas, estava bem desinformada quanto às diretrizes curriculares.
Ainda durante a leitura e estudo de material disponibilizado pela interdisciplina, tomei conhecimento que o simples anúncio das diretrizes curriculares nos documentos da escola não é garantia para um atendimento contextualizado com o público atendido pela escola. É necessário que os professores apropriem-se dessas diretrizes e as ponham em prática, para que aconteça a aprendizagem dos alunos.Foi isso que fizemos em minha escola, numa das tantas reuniões pedagógicas: os professores em conjunto, de acordo com as séries que atuam, decidiram e definiram, através de debate e troca de idéias, a grade curricular correspondente a cada série. Ou seja: definimos claramente o quê os alunos devem aprender em cada série. E esta definição passou a fazer parte do regimento escolar.
Foram muito úteis os Projetos de Aprendizagem desenvolvidos durante o semestre, pelas interdisciplinas de Psicologia e Seminário Integrador. Principalmente porque foram desenvolvidos em grupo.
A princípio, houve uma certa resistência ao trabalho em grupo. Mas depois de iniciado o projeto, o trabalho em grupo comprovou ser uma forma mais prazerosa de aprendizagem, pois há a troca , a colaboração, a interação. Até então, como professora procurava evitar o trabalho em grupo com os alunos. A partir deste meu aprendizado com os PAs, arrisquei o trabalho em grupo com meus alunos de 5ª série, nas aulas de Língua Portuguesa. E o resultado foram belíssimos poemas feitos – que alegria – em grupos.
Minha resistência inicial ao trabalho em grupo, como aluna, baseava-se no fato de não conhecer pessoalmente a maioria das colegas do grupo e que isso pudesse dificultar a interação. Mas o grupo funcionou bem à distância, e as colegas revelaram-se agradáveis pessoas.
Como docente, a dificuldade para o trabalho em grupo era a “bagunça” na sala de aula. Na minha escola, os trabalhos em grupo devem ser realizados em aula, já que os alunos não têm condições de encontrarem-se fora do ambiente escolar. E coordenar vários grupos, ao mesmo tempo, em dois períodos de aula, é uma tarefa exaustiva! Mas arrisquei.
Agora entendo John Dewey quando diz que o conhecimento é construído de consensos, que por sua vez resultam de discussões coletivas. “O aprendizado se dá quando compartilhamos experiências e isso só é possível num ambiente democrático, onde não haja barreiras no intercâmbio de idéias.”
Com a prática do trabalho em grupo com meus alunos, na produção de poemas, percebi que o sucesso deste processo deu-se em função de que havia um grupo de pessoas se comunicando e trocando idéias, experiências pessoais e sentimentos.
E este trabalho coletivo, mas também individual, acabou resultando no livro “Poemas e sentimentos”, lançado na feira multicultural da escola.
O aprendizado se deu em grupo. E a prática conjunta, através dos PAs do semestre, promoveu situações de cooperação entre colegas, mesmo à distância.
A pesquisa feita sobre a síndrome do ninho vazio, na interdisciplina de Psicologia, veio ao encontro do momento vivido por mim. Estou passando por isso e ler sobre o assunto ajudou a diminuir a ansiedade, sabendo que é uma fase comum, típica, da idade adulta. Foi importante tomar conhecimento do que posso fazer para que ela passe mais rápido.Igualmente, a interdisciplina de Psicologia fez amenizar os desafios na relação professor- aluno, através do estudo do quadro de fases, nos fazendo conhecer ou relembrar as várias etapas do desenvolvimento humano.
Lendo o texto da professora Maria Beatriz Gomes da Silva, sobre currículo e avaliação, disponibilizado pela interdisciplina de Organização do Ensino Fundamental, vejo que minha escola está no caminho certo para uma escola que atua com coerência entre o dizer e o fazer, que sabe escutar e que busca o diálogo, a autonomia e a ética, pois nosso sistema de avaliação baseia-se principalmente no caderno de acompanhamento do aluno, onde registramos diariamente o que observamos em cada um dos alunos.
Nesta tarefa de avaliar, usamos ainda as provas escritas e as produções textuais.
No entanto, como nosso regime é seriado, “fica estabelecido que determinados conteúdos devam ser aprendidos, indistintamente, por todos os alunos num tempo determinado.”
Através deste estudo, percebo que precisamos ainda levar mais em conta “as variações evolutivas dos alunos, suas histórias pessoais-familiares, suas experiências, seus ritmos, sempre procurando compreender a atender cada um em suas diferenças.”
E se desejamos realmente uma sociedade democrática, é necessário respeitar os percursos individuais, através do trabalho coletivo.
Penso que talvez seja bom colocarmos em discussão entre os educadores da escola o sistema de regime seriado. ( E quanta discussão!)
Nossa educação, nossa formação para a docência, até agora, pouco nos ensinou sobre a avaliação. É um assunto evitado, geralmente.
Conhecemos bem a avaliação somativa, mas ainda estamos na recente prática da avaliação formativa. Para exercê-la, deixamos de simplesmente atribuir uma nota no boletim escolar do aluno e passamos a usar também o parecer descritivo, onde descrevemos os avanços e as dificuldades que o aluno demonstrou.
Inclusive, no 1º ano e em parte do 2º ano do ensino fundamental de 9 anos, a avaliação é apenas descritiva, sem atribuição de notas. E isso implica numa mudança: já não apenas o ensinar. A ênfase começa a ser dada para o aprender.
Para que o aprendizado ocorra, a tarefa de ensinar não cabe apenas ao professor. Cabe também ao currículo da escola, à sua gestão, à organização das salas de aula, aos pais e, é claro, ao próprio jeito de avaliar.
A avaliação formativa precisa levar em conta, ainda, que os alunos possuem ritmos e processos de aprendizagens diferentes. Precisamos de fato considerar o que já prevê a lei: os aspectos qualitativos devem prevalecer sobre os quantitativos.
Se desejamos mesmo uma sociedade pautada pela cooperação, pela inclusão, onde todos tenham o direito de aprender, precisamos discutir e pôr em prática novas formas de avaliação.
É preciso que o professor conheça bem seu aluno, sua realidade. Por isso, temos a prática, em minha escola, de fazermos um passeio pelo bairro, com toda a turma, com o objetivo de conhecermos a casa de cada um. Isso tem ajudado a compreender a realidade dos nossos alunos e também o quanto a nossa, às vezes, está distante da deles.Também adotamos na escola, desde o início do ano, a recuperação preventiva. Ou seja: dedicamos aulas de reforço, em pequenos grupos, aos alunos que necessitam de uma dedicação mais individual. Assim, podemos avaliar com mais segurança.

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