sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Perspectivas de mudanças

Motivada pela leitura de trecho retirado de A máscara da benevolência: a comunidade surda ameaçada., de Harlan Lane, creio que a formação de professores surdos é muito importante para o fortalecimento da comunidade surda. Dessa forma, a maneira de ensinar os surdos não seria como se fosse uma aula para ouvintes. Conheço uma escola para surdos, onde quase todos os professores são ouvintes. Mas se a maioria dos professores fizesse parte da comunidade surda, certamente a forma de ensinar seria diferente.
Algumas mudanças já aconteceram na sociedade ouvinte, mudanças que se instalaram por reivindicação da comunidade surda. Por exemplo: assistindo tv, alguns canais oferecem tradução para Libras de grande parte de sua programação. Por isso, agora costumo prestar atenção aos sinais, na tentativa de aprender algo sobre a língua. Também tenho sentido necessidade de conhecer um pouco da língua para poder agradecer ao rapaz ou moça que me atendem no supermercado. Ou de poder me comunicar com eles, simplesmente.
Como a comunidade surda está cada vez mais atuante, é necessário que se eduque a comunidade ouvinte para que tenha condições de interagir com ela. Uma forma seria incluir no currículo escolar o ensino de Libras, como se faz com o ensino da língua inglesa, por exemplo. Assim, os ouvintes estariam preparados, desde pequenos, a conviver com a comunidade surda, sem dificuldades.

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

O show dos alunos e professora surdos

Como prometi, cá estou para contar como foi a apresentação dos alunos surdos na Mostra Multicultural da minha escola. Foram dois grupos: um pela manhã e outro à tarde. O grupo da manhã era composto de crianças na faixa dos 10 a 12 anos de idade, aproximadamente. Vieram acompanhados de duas professoras, uma também surda, e outra que servia de intérprete. Dançaram apenas um número, de samba. Muito bonito! Vieram bem produzidos para a coreografia. Nossos alunos ficaram surpresos com a capacidade de eles dançarem no ritmo, no tempo certo, mesmo sem a capacidade de ouvir a música. A professora disse que eles gostam muito de dançar. Também ensinaram alguns sinais da sua língua, como bater palmas, por exemplo.
Mas à tarde é que foi show. Veio um grupo bem maior, de alunos e professoras. Este grupo era composto de adolescentes, na faixa dos 14 a 18 anos. Apresentaram vários números, dançaram vários ritmos, representaram, enfim, arrasaram. Sem exageros. A professora surda dançou também, misturada a eles. Vieram bem produzidos. Deram um show mesmo, especialmente no hip hop. Deixaram a todos encantados. Ensinaram vários sinais, interagiram com os nossos alunos.
Quando tudo acabou e voltamos para a sala de aula, meus alunos já sabiam expressar-se em libras! Sério! É impressionante como eles aprenderam tão facilmente a língua de sinais. Alguns gestos é claro, mas levando em conta que foi em tão pouco tempo, fico admirada! E percebo o quanto a aprendizagem é facilitada quando ela é significativa para o aluno. Como neste caso. E eu, que estava achando tão difícil entender e memorizar os sinais, passei a ser aluna de meus alunos no restante da semana, em libras. Fantástico, não é?